Apesar das diferenças que possam surgir há alguns pontos em comum nas celebrações do dia de São Martinho, ao longo do território nacional, como por exemplo, as castanhas assadas, a prova do vinho novo e os magustos.

O Magusto não é mais do que uma reunião de amigos e famílias à volta do fogo onde se assam castanhas. Para acompanhar bebe-se a jeropiga, água-pé ou vinho novo.
Quem foi São Martinho?
São Martinho de Tours, filho de um Tribuno e soldado do exército romano, nasceu e cresceu na cidade de Sabaria, na antiga província da Panónia, atual Hungria.
Nasceu por volta de 316, e foi educado na religião politeísta dos seus antepassados, com crenças em deuses mitológicos venerados no Império Romano. Ignora-se a data exata do seu nascimento, que alguns apontam não para 316 mas para 317 ou até 326.
Muito cedo teve contacto com a doutrina Cristã, tendo entrado em 326, por volta dos 10 anos de idade, para o grupo dos catecúmenos, aqueles que se preparam para receber o batismo.
A vida militar
Muito jovem ainda, com cerca de 15 anos de idade, por vontade do pai e contra a sua própria vontade, ingressou no exército romano e posteriormente seguiu para a Gália, região na atual França.
Foi nessa época, por volta de 337, que ocorreu o famoso episódio do manto, quando fazia parte da guarnição de Amiens, que alimenta a Lenda de São Martinho: Um dia, debaixo de uma tempestade, encontrou um mendigo cheio de frio que lhe pediu esmola. Como não tinha nada para oferecer, Martinho cortou parte das sua capa com a espada e deu-a ao pedinte.
Por volta dos 20 anos, comunicou aos seus superiores que não continuaria a lutar, seguindo a sua consciência cristã. Recusou o pagamento antes de uma batalha e anunciou que não iria combater. Tornou-se assim o primeiro objetor de consciência reconhecido na história.
Tudo isto aconteceu antes de uma batalha perto da cidade alemã de Worms. Foi acusado pelos seus superiores de covardia e recebeu ordem de prisão. Como prova da sua sinceridade propôs-se a entrar na batalha desarmado. Essa proposta foi considerada uma alternativa aceitável à prisão, no entanto, antes que a batalha ocorresse, o exército inimigo concordou com uma trégua e evitou o conflito. Martinho foi posteriormente libertado do serviço militar.
A vida religiosa
Fora do serviço militar, pode dedicar-se totalmente ao serviço de Jesus Cristo e da Igreja. Viajou para Tours, onde por volta de 338, com cerca de vinte e dois anos de idade, foi batizado. Fica a dúvida se o sacerdote que o batizou terá sido Hilário de Poitiers, o bispo da cidade de Pictavium, atual Poitiers, ou o bispo de Samarobriva ou Ambiano, atual Amiens, cidade perto da qual ocorreu o episódio do repartir do manto com um mendigo.

Em Toura estudou com Hilary of Poitiers até este ter sido obrigado a exilar-se por recusar a participação em disputas políticas.
Entretanto Martinho viajou para a Itália e da sua passagem surgiram vários relatos que atestavam a sua fé e dedicação à igreja. Segundo um relato, Martinho terá sido abordado por um ladrão de estradas e o terá convencido a ter fé em Jesus Cristo. Um outro relato fala do seu confronto com o diabo.
Durante a jornada por Itália teve uma visão que o levou a voltar para sua mãe na Panônia. Converteu-a ao cristianismo e apesar de ter também tentado converter o pai este terá recusado.
Ainda na sua luta contra a heresia crescente terá sido obrigado pelos lideres arianos a refugiar-se numa ilha no Adriático, onde viveu como eremita por algum tempo.
Por volta de 361, Hilário de Poitiers, retornou a Tours do exílio temporário. Martinho juntou-se a ele para trabalhar e continuar os seus estudos. Hilário de Poitiers terá dado a Martinho uma pequena concessão de terra onde ele e os seus discípulos passaram a morar.
Ainda por volta de 361 Martinho estabeleceu um mosteiro que seria habitado pelos Beneditinos.
Fundada em 361, a Abadia de Liguge foi destruída durante a Revolução Francesa, e só restabelecida em 1853 onde permanece até hoje. Neste lugar terá levado inúmeras pessoas à fé Cristã.

Em 371, a cidade de Tours precisava de um novo bispo e o povo aclamou-o para o cargo. Há uma história que revela que ele não queria tamanha responsabilidade, mas a persistência do povo, e alguns truques para o convencer, fizeram com que acabasse por ceder e fosse ordenado Bispo de Tours.
Martinho morreu em Candes-Saint-Martin, Gália em 397.
Sulpício Severo na sua Vita S. Martini, Gregório de Tours nos quatro livros De virtutibus S. Martini e, finalmente, Tiago de Voragine na sua Legenda aurea contaram a vida lendária de São Martinho, Apóstolo das Gálias e bispo de Tours.
Vários milagres foram atribuídos a São Martinho durante a sua vida. A veneração de São Martinho tornou-se popular na Idade Média.
São Martinho é o patrono dos pobres, soldados, objetores de consciência, alfaiates e enólogos. Comemora-se o dia de São Martinho a 11 de novembro, data em que foi sepultado na cidade de Tours.